terça-feira, 1 de julho de 2008

Sobre liberdade e vida

Outro dia li na revista que vem com o jornal Correio Popular de Campinas - SP uma entrevista com um cidadão "católico" que parece ter como grande meta tornar a tradição da Igreja Católica uma piada. Agora, para qualquer um que estudou um pouco de filosofia, sabe que a figura é uma piada ambulante. O indívíduo é apresentado como teólogo e sinceramente, dado que considera que a liberdade tem precedência ontológica sobre a vida, é bem mal formado e instruído para uma discussão teológica/metafísica séria. Gostaria de por o nome dele neste post, mas não o tenho aqui. De qualquer forma, vou explicar melhor essa questão de precedência ontológica.

A vida tem precedência ontológica sobre a liberdade. Isso é mais que óbvio pois não é possível o exercício da liberdade sem que exista a vida. O mané do Correio Popular solta a máxima de que: "Não existe vida sem liberdade". Essa é uma frase que tem apenas sentido em nível poético, pois o que o autor dela tentou dizer é que sem liberdade a vida não vale a pena. Em certa medida isso tem algum sentido, dado que a liberdade é algo precioso, mas ninguém minimamente inteligente consegue concluir daí que a liberdade é condição necessária para a vida. Pelo contrário. Para que alguém proteste contra o cerceamento da liberdade, ela precisa estar viva. Quando você mata seres humanos abortando-os, você está antes de tudo atentando contra vida, e consquentemente contra a liberdade do abortado, e não primeiramente impedindo o exercício da liberdade por parte da abortista. Existem milhares de exemplos e analogias que podem explicar melhor isso.

Quando narram a calamidade das universidades brasileiras, às vezes eu duvido. Quando vejo um imbecil desses dando entrevista no jornal e posando de teólogo, aí não dá para ter dúvidas.