quinta-feira, 20 de março de 2008

A farra dos cartões corporativos

Artigo publicado originalmente em 02 de Fevereiro de 2008 no site VIDE - Vigilância Democrática.

Assistimos nas últimas semanas as denúncias de gastos indevidos no cartão corporativo por parte de ministros do governo Lula. Isso não me espanta de forma alguma. É só o que podemos esperar dessa gente. Ficaram décadas gritando contra a corrupção para promover a maior onda de irregularidades da história. Tem gente que acha que na época de FHC era pior. Eu não acredito. O governo atual tem uma oposição que não incomoda. FHC tinha os petistas. A oposição atual só conseguiu verdadeiramente uma vitória em 5 anos que foi a não prorrogação da CPMF, com o PSDB relutante até os últimos minutos do jogo. As denúncias e escândalos que este governo se envolveu foram à tona porque vazaram de tão absurdas e abundantes ou foram provocados pela incompetência dos próprios integrantes dos esquemas. A farra dos cartões corporativos é só mais uma de muitas que ainda virão.

Mas dessa vez o governo rifou a ministra Matilde Ribeiro. Isso é quase uma novidade. Ela foi pressionada por Lula a deixar o cargo como diz o estadão. Mas porque Matilde virou o bode espiatório? Afinal foram 45 milhões de reais sacados em dinheiro vivo. Ninguém vai investigar? Dá para desconfiar se Matilde não é apenas uma distração para esconder um problema maior. Vamos ver como se desenrola o caso do ministro Orlando Silva. Ele diz que decidiu devolver o dinheiro. Obviamente que está devolvendo aquilo que se refere às despesas. Mas eu estou interessado é nos saques em dinheiro. Eu quero uma CPI.

Mas voltando à ex-ministra Matilde Ribeiro, não devemos nos esquecer do que ela disse em entrevista para a BBC Brasil: “A reação de um negro de não querer conviver com um branco, eu acho uma reação natural. Quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”. Uma declaração despropositada, como se os negros fossem açoitados diariamente aqui no Brasil. Ninguém é açoitado. A única coisa açoitada diariamente é o bolso do contribuinte com essa carga tributária absurda utilizada para pagar o free-shop da ex-ministra. Por essa declaração à BBC, a ex-ministra foi investigada pelo Ministério Público. Foi acusada de racismo. O caso foi arquivado. Mas será que seria se as cores fossem invertidas? Talvez sim. Mas tenho certeza que a ex-ministra ficaria bem alterada se alguém dissesse que achava natural um branco não querer conviver com um negro. Ou que não é racismo quando um branco se insurge contra um negro. Como eu disse em outro artigo, esquerdista é assim mesmo. As regras só valem quando interessam. “Defendem” a igualdade racial incitando o racismo. Defendem a honestidade gastando R$ 110.000,00 com aluguel de carros. Falta honestidade e bom senso.