sábado, 22 de março de 2008

O caminho da servidão

Artigo originalmente publicado em 29 de Fevereiro de 2008 no site VIDE - Vigilância Democrática.

Sigam a seqüência abaixo:

1) As crises e as guerras forçam ao “planejamento nacional” - Para a mobilização total da nação, os cidadãos abrem mão de suas liberdades básicas. Os cidadãos pensam que a regimentação do país foi necessária devido aos problemas graves ou por causa de seus inimigos.

2) Muitos desejam que o “planejamento” seja permanente - Antes de terminar a mobilização contra as crises, são feitas propostas de um maior e contínuo planejamento da sociedade. Os “planejadores” que desejam continuar no poder fomentam essa idéia.

3) Os “planejadores” prometem utopias - Há planos que prometem resolver os problemas do campo. Há planos para os problemas das grandes cidades. Para cada problema, é oferecido um plano irrealista em que os eleitores resolvem acreditar. E muitos políticos com o perfil de “planejador” são eleitos.



4) … mas os políticos “planejadores” não conseguem entrar em acordo entre si - Enquanto os problemas não se transformam em crises, não existe unanimidade em torno de uma idéia. Cada “planejador” tem sua própria utopia de estimação. Nenhum deles cede.

5) Nem mesmo os cidadãos conseguem concordar entre si - E quando os “planejadores” conseguem finalmente chegar a um consenso sobre um plano “colcha-de-retalhos”, os cidadãos discordam. O que serve para um não serve para o outro.

6) Os “planejadores” hesitam em forçar um consenso - Alguns dos “planejadores” são idealistas e bem-intencionados, e evitam usar coerção. Eles esperam que o público atinja um consenso milagroso em torno de seu plano “colcha-de-retalhos”.

7) Os “planejadores” tentam “vender” seu plano à toda a sociedade - Num esforço mau sucedido, os políticos e intelectuais “planejadores” tentam “educar” o público no intuito de obter uniformidade de opiniões. É formada uma enorme máquina de propaganda - da qual o próximo ditador se aproveitará.




8) Os mais ingênuos começam a acreditar e concordar - E enquanto isso, a crescente confusão no país leva a manifestações de protesto, comícios, passeatas, greves, etc. Os menos instruídos ficam convencidos e empolgados com a retórica inflamada de alguns políticos e intelectuais e se filiam a partidos.



9) A confiança nos “planejadores” diminui - Quanto mais os “planejadores” improvisam, maior o clima de perturbação geral. Todo mundo é afetado. As pessoas sentem - e com razão - que os “planejadores” são incapazes de colocar ordem no país.

10) Um “homem forte” chega ao poder - Em desespero, os “planejadores” autorizam um novo líder de partido a forjar um plano e forçar a sua obediência. Eles acham que depois conseguirão se livrar desse “homem forte”.

11) Um partido domina o país - Agora, a confusão é tão grande que a obediência ao líder deve ser obtida a qualquer custo. Talvez até você mesmo se filie ao partido para contribuir com a união nacional.

12) Um objetivo negativo consagra a união em torno do partido - Um dos primeiros passos pelo qual todos os ditadores passam é inflamar a maioria numa causa comum contra um bode expiatório. Na Alemanha nazista, esse objetivo negativo era o anti-semitismo.

13) Ninguém se opõe aos planos do líder - Seria suicídio. A nova polícia secreta é implacável. A capacidade de forçar obediência sempre se torna a virtude número um do “Estado planejador”. Toda a liberdade acabou.



14) Até a sua profissão é “planejada” - A escolha mais variada de empregos prometida pelos já defuntos “planejadores” se revela uma farsa trágica. Os “planejadores” jamais conseguiram cumprir suas promessas e jamais cumprirão.

15) Seu salário é “planejado” - As divisões na escala de salários são rígidas e arbitrárias. Dirigir um Estado “planejador” a partir de um governo centralizado é tumultuado, injusto e ineficiente.

16) Seu pensamento também é “planejado” - Nessa ditadura, que foi criada sem querer pelos “planejadores”, não há espaço para a diferença de opinião. Cartazes, rádio, televisão e imprensa - todos eles dizem as mesmas mentiras!



17) Seu lazer é “planejado” - Não é por coincidência que os esportes e as diversões eram cuidadosamente “planejados” em todas os países regimentados. Uma vez tendo começado, os “planejadores” não conseguem parar.

18) Seu disciplinamento é “planejado” - Sob um sistema assim, se você for demitido de seu emprego, pode até terminar sendo executado. O que antes era tido como apenas um erro, agora se tornou um crime contra o Estado. E assim termina o caminho para a servidão!




Esses são os 18 passos apontados por Friedrich A. Hayek, ganhador do Nobel de economia, no seu livro “O caminho da servidão“, para escravizar uma sociedade. O livro teve uma versão em quadrinhos que pode ser encontrada no link para o site: “Pensadores Brasileiros“.

O interessante é que o nazismo (nacional socialismo), o fascismo e o socialismo têm um modo de agir muito semelhante e um resultado inequívoco: a ditadura. Quando analisamos a história de Hitler, Mussolini, Fidel, Stálin, Mao e Pol Pot, vemos os mesmos elementos táticos apontados por Hayek. Mas é uma incógnita porque o socialismo goza de grande prestígio nas classes pensantes e ainda é apresentado como algo bom e perfeitamente condizente com a democracia. De fato, é apenas mais um caminho para a servidão.