quinta-feira, 20 de março de 2008

Temporão e Quanto Vale uma Vida

Artigo publicado originalmente em 30 de Janeiro de 2008 no site VIDE - Vigilância Democrática.

Durante a minha vida convivi com toda sorte de esquerdistas. Desde o tonto corajoso até o maquiavélico vaidoso. É o lado ruim de estudar em universidade pública. Mas se por um lado existe uma variabilidade aparente na “espécie” revolucionária, uma coisa é comum a todos: os amigos podem tudo, os inimigos nada. Os amigos podem roubar, explodir, bater, xingar. Os inimigos devem ser insultados, cuspidos, surrados, e ainda agradecer pela “honra”.

Um exemplo que posso dar é de um amigo. Ele era uma espécie de esquerdista encarnado. Quando tento entender o que vai acontecer no governo Lula, penso no que ele faria. Lembro quando ele bradou contra as regras como se houvesse um complô para impedi-lo de fazer o que é certo. E o certo era roubar dinheiro do centro acadêmico. No mesmo dia, ficou alterado quando viu um professor em um carro novo passar no sinal vermelho. “Ninguém obedece as leis!”, disse ele. Ele podia roubar. O professor tinha que parar no sinal vermelho.

Uma conseqüência deste jeito de pensar é o ministro Temporão. Disse outro dia que as prefeituras de Recife, Olinda e Paulista estão certas em distribuir a pílula do dia seguinte. O arcebispo de Recife e Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho, está errado em discordar da ação. O ministério da saúde tem uma campanha de prevenção à Aids no Carnaval e por isso, uma das “soluções”, é abortar fetos. Eu não sei como a pílula ajuda a prevenir a Aids, mas a lei brasileira não permite o aborto assim sem mais nem menos e, como todo mundo sabe, a tal pílula é justamente a última linha de defesa do leviano excitado. Se esqueceu o cérebro em casa, bebeu demais, não encontrou camisinha e achou um buraco, não tem problema, se der azar, mulher fértil, a pílula aborta. O problema aqui não é a pílula, a camisinha, a prevenção da AIDS ou a saúde pública. O problema é o Bispo ou a Igreja. É o inimigo da vez. É como o professor.

A cultura brasileira está em petição de miséria. O relativismo impera e o senso de proporções está completamente distorcido. Os esquerdopatas agradecem pois só assim podem realizar sem constrangimentos as ações com valor estratégico. No mundo destas pessoas, nada importa que não seja o objetivo final. Os fins justificam os meios. Para essa gente, os valores que sustentam a nossa civilização como a vida, não são nada. A vida não tem valor em si. É apenas algo a ser sacrificado no altar do “mundo melhor”, onde eles mandam e a gente dança.